Poéticas Públicas: na dimensão das cidade Textos do Episódio
Platão
Íon 534a, 7-9.
Por acaso não nos dizem os poetas que a partir das fontes de onde mana o mel, em alguns jardins e bosques das Musas, eles bebem seus cantos para trazê-los a nós, como abelhas? (Obs.: o filósofo associa μέλι *mel” a μέλη “canto”)
Platão Leis IV, 719c, 1-5
Há um antigo mito que não cessamos de contar...: segundo este mito quando o poeta está instalado na trípode da Musa, perde sua razão; tal manancial deixa fluir o que brota [...].
Hermes Fontes
A Fonte da Mata
Depois de longa ausência e penosa distância,
vi a fonte da mata,
de cuja água bebi, na minha infância.
E que melancolia
nessa emoção tão grata!
Ver — constância das coisas, na inconstância…
ver que a Poesia é uma segunda infância,
e que toda Poesia…
Vem da fonte da mata…
Sérvio Honorato Comentário das Geórgicas II, 382
“Chamam-se pagani (pagãos) aos que bebem, de algum modo, de uma única fonte".
Alberto de Oliveira
A estátua
Às mãos o escopro, olhando o mármor: “Quero
— O estatuário disse — uma por uma
As perfeições que têm as formas de Hero
Talhar em pedra que o ideal resuma.”
E rasga o Paros. Graça toda e esmero,
A fronte se arredonda em nívea espuma;
Eis ressalta o nariz de talho austero,
Alça-se o colo, o seio se avoluma;
Alargam-se as espáduas; veia a veia
Mostram-se os braços... Cede a pedra ainda
A um golpe, e o ventre nítido se arqueia;
A curva, enfim, das pernas se acentua...
E ei-la, acabada, a estátua heroica e linda,
Cópia divina da beleza nua.