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  • Foto do escritorFábio Malavoglia

Episódio 28

SÃO JOÃO QUE CHORA E SÃO JOÃO QUE RI Textos do Episódio

 

Epitalâmio bárbaro Poema original de Rubén Dario Tradução de Fabio Malavoglia


El alba aún no aparece en su gloria de oro.

Canta el mar con la música de sus ninfas en coro

y el aliento del campo se va cuajando en bruma.

Teje la náyade el encaje de su espuma

y el bosque inicia el himno de sus flautas de pluma.


Es el momento en que el salvaje caballero

se ve pasar. La tribu aúlla y el ligero

caballo es un relámpago, veloz como uma idea.

A su paso, asustada, se para la marea;

la náyade interrumpe la labor que ejecuta

y el director del bosque detiene la batuta.


-«¿Qué pasa?», desde el lecho pregunta Venus bella.

Y Apolo: -«Es Sagitario que ha robado una estrella». ....................................... Tradução de Fabio Malavoglia Não assoma ‘inda a aurora em sua glória de ouro.

Canta o mar com a música de suas ninfas em coro

e o alento dos campos já se adensa na bruma.

Uma náiade tece a sua renda de espuma,

canta o bosque o hino de suas flautas de pluma.


É o instante no qual um feroz cavaleiro visto é a passar. Uiva a tribo e o ligeiro

cavalo é um corisco, um veloz pensamento.

Ao galope, assustada, a maré perde alento;

eis que a náiade para o labor que executa e o maestro do bosque detém sua batuta.


-«O que há?», de seu leito indaga Afrodite a bela.

E Apolo: -«É tão só Sagitário que roubou uma estrela».

 

Basta poema original de Juan Gelman tradução de Ricardo Domeneck


basta

no quiero más de muerte

no quiero más de dolor o sombras basta

mi corazón es espléndido como una palabra


mi corazón se há vuelto bello como el sol

que sale vuela canta mi corazón

es de temprano un pajarito

y después es tu nombre


tu nombre sube todas las mañanas

calienta el mundo y se pone

solo en mi corazón

sol en mi corazón ....................................... Chega tradução de Ricardo Domeneck


Chega não quero mais morte não quero mais dor ou sombras chega meu coração é esplêndido como uma palavra

meu coração tornou-se belo como o sol que sai voa canta meu coração é cedo um passarinho e depois teu nome

teu nome sobe todas as manhãs aquece o mundo e se põe só em meu coração sol em meu coração

 

Odisseia, de Homero

Canto XIII, versos 102 a 112 tradução do grego de Carlos Alberto Nunes

No ponto extremo do porto / frondosa oliveira se alteia,

junto da qual uma gruta / se afunda sombrosa e agradável.

É dedicada esta às ninfas / por todos chamadas de Náiades. Ânforas grandes se vêem / no interior e crateras de pedra, dentro das quais as abelhas / as suas colmeias fabricam,

bem como teares compridos, / de pedra, também, onde as ninfas tecem seus mantos tingidos / com púrpura, espanto dos olhos. Fonte perene aí borbulha; / provida de duas saídas:

uma do lado do norte, / acessível aos homens, somente;

a que se encontra no sul / é dos deuses; nenhum dos humanos dela se serve; é caminho / somente dos deuses eternos



 

Evangelho de Mateus 16, 19 “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligardes na terra, será desligado nos céus”

 

João que Chora e João que Ri E agora, áudio-chegados, vamos a uma curiosidade, bem saborosa. E cênica! Veio da França uma figura popular, uma imagem dupla que representa, segundo seus nomes tradicionais, “João que chora” e “João que ri”. Essa imagem se tornou famosíssima como um dos símbolos mais conhecidos do... teatro. São aquelas duas máscaras, uma triste e a outra alegre. E é o mesmo simbolismo, porque o teatro, na origem, era uma arte sagrada, mágica... como aliás toda a arte. O João que Chora é o da chave de prata, a chuva celeste... O João que Ri tem a ver com a Chave de Ouro, é o Presente do Sol... E os maçons os festejavam com festas que incluíam a representação desses mistérios, enfim, antepassadas do teatro... e hoje os dois São Joões são símbolos do teatro... para felicidade de todos os atores, que exercem, saibam ou não, um ofício sagrado!

 

Inverno Jorge de Lima (1893 – 1953)

Zefa, chegou o inverno!

Formigas de asas e tanajuras!

Chegou o inverno!

Lama e mais lama

chuva e mais chuva, Zefa!

Vai nascer tudo, Zefa,

Vai haver verde,

verde do bom,

verde nos galhos,

verde na terra,

verde em ti, Zefa,

que eu quero bem!

Formigas de asas e tanajuras!

O rio cheio,

barrigas cheias,

mulheres cheias, Zefa!

Águas nas locas,

pitus gostosos,

carás, cabojés,

e chuva e mais chuva!

Vai nascer tudo

milho, feijão,

até de novo

teu coração, Zefa!

Formigas de asas e tanajuras!

Chegou o inverno!

Chuva e mais chuva!

Vai casar, tudo,

moça e viúva!

Chegou o inverno

Covas bem fundas

pra enterrar cana:

cana caiana e flor de Cuba!

Terra tão mole

que as enxadas

nelas se afundam

com olho e tudo!

Leite e mais leite

pra requeijões!

Cargas de imbu!

Em junho o milho,

milho e canjica

pra São João!

E tudo isto, Zefa...

E mais gostoso

que tudo isso:

noites de frio,

lá fora o escuro,

lá fora a chuva,

trovão, corisco,

terras caídas,

córgos gemendo,

os caborés gemendo,

os caborés piando, Zefa!

Os cururus cantando, Zefa!

Dentro da nossa

casa de palha:

carne de sol

chia nas brasas,

farinha dágua,

café, cigarro,

cachaça, Zefa...

...rede gemendo...

Tempo gostoso!

Vai nascer tudo!

Lá fora a chuva,

chuva e mais chuva,

trovão, corisco,

terras caídas

e vento e chuva,

chuva e mais chuva!

Mas tudo isso, Zefa,

vamos dizer,

só com os poderes

de Jesus Cristo.



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