ARTE E MAGIA – PARTE II
Textos do Episódio
Humanidade Fabio Malavoglia
Nos desmedidos
desfiladeiros do Tempo
há procissões e coros.
E de vez em vez,
no contracanto,
uma só voz,
solando.
Aê-êêêêê.....!
Safada Fabio Malavoglia
Safada
Sim de Safo
a mais amada
das poetisas
de Afrodite
soberana
eu pretendo
finda a tarde
me apossar
e dançar
com teus pés
leves e nus
orvalhados
ao redor
desses altares
enluarados
como clâmide
esvoaçando
ao girar
de teu torso
de donzela
exaltada
pelo frenesi
do ardor
de adorar-Te
Deusa Mãe
de todo Amor
sob a Lua
sobre a grama
que em tapete
vem abrir
a clareira
ao branco bosque
dos abetos
dos carvalhos
e das faias
consagradas
de tua ilha
venturosa
entre as quais
sobre o topo
de altos montes
se espargem
de teu culto
circulares
os perímetros
dos quais
as santas chamas
sobre a terra
delimitam
com sua luz
o terreno
do Divino
entre o Profano
onde Tu
inteira
entregas
-Te ao Ser
que te faz
sem pudor
e de prazer
suspirar
e gemer
ao escrever.
Desagravo Fabio Malavoglia
As Musas insultadas
por sórdidos doutores,
usadas como escadas
a cargos promissores!
Descei, severas fadas,
tomai os corredores,
com as poesias aladas
varrei computadores,
até que reste nada
que não vossos favores!
A Mensagem Reencontrada
Livro XXII, 30
Tudo o que pretende dirigir ou forçar a ARTE, a esteriliza e a mata.
Os Amantes das Música
Um conto dos sufis Vajid Ali Shah era um rei que amava tanto a música que sua corte estava sempre cheia de cantores, dançarinos e todos os tipos de instrumentistas.
Mas existia no reino um tocador de alaúde, o maior de todos, que nunca havia aceitado o convite do rei.
Um dia Vajid Ali Shah foi até ele pessoalmente pedir para ele tocar no palácio.
– Eu vou, disse o músico. Com uma condição: quando eu estiver tocando e cantando se alguém mexer a cabeça deverá ser decapitado.
O rei aceitou prontamente a condição e e no dia marcado anunciou a todos:
– Aqueles que quiserem vir devem saber que é muito perigoso. Os soldados estarão a postos com suas espadas para cortar a cabeça de quem fizer o menor movimento.
Todos no reino amavam a música, como o rei. Eram mais de dez mil pessoas. .Mas muitos ponderaram que era muito arriscado. Um simples mosquito, uma distração qualquer poderia levá-los à morte.
Apenas cinquenta compareceram ao concerto.
O músico começou a tocar tão maravilhosamente que pouco tempo depois algumas cabeças se mexeram, logo outras mais e por fim não havia ninguém na sala que não tivesse feito um movimento de cabeça.
O rei ficou muito aflito, afinal ele tinha dado sua palavra.
O músico terminou a primeira parte e Vajid Ali Shah foi até ele cheio de preocupação:
– Eu lhe fiz uma promessa, mas você acha justo cortar a cabeça de cinquenta pessoas? Tem certeza de que é isso mesmo que quer que eu faça?
O músico riu.
– Claro que não, Majestade! Fique tranquilo. Impus essa condição para que só os verdadeiros amantes da música viessem. Vou continuar a tocar para eles. Esse é o público que esperei durante toda minha vida. Essas são pessoas que escutando se esqueceram de si mesmas, se esqueceram até mesmo que corriam risco de morrer...
Um jardim em meio às chamas
(recriação de Fabio Malavoglia sobre a tradução inglesa de Michael Sells)
Ó Maravilha, um jardim em meio às chamas! Meu coração pode agora adotar todas as formas: é pastagem das gazelas, um claustro para monges, Para os ídolos, chão sagrado, a Ka’aba para o peregrino buscador, as tábuas da Torah, os pergaminhos do Santo Corão. Eu sigo a Religião do Amor; seja qual for a rota que tome sua caravana: eis meu credo
e minha fé.