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Foto do escritorFábio Malavoglia

Ep. 58 - O Retorno do Rei

Textos do Episódio


 

J. R. R. Tolkien The Riddle of Strider (by Bilbo Baggins) All that is gold does not glitter,

Not all those who wander are lost;

The old that is strong does not wither,

Deep roots are not reached by the frost.

From the ashes a fire shall be woken,

A light from the shadows shall spring;

Renewed shall be blade that was broken,

The crownless again shall be king. *** J. R. R. Tolkien O Enigma do Andante (por Bilbo Bolsim) tradução de Fabio Malavoglia Nem tudo que é d’ouro é ilusão,

Perdido nem sempre é quem vaga;

À funda raiz, gelos não tocarão,

O antigo em vigor não se apaga.

Das cinzas será a chama acordada,

Das sombras saltará o esplendor;

Refeita será a espada quebrada,

O destronado será de novo Senhor.


 

Ariano Suassuna

Aqui morava um rei Aqui morava um rei quando eu menino

Vestia ouro e castanho no gibão,

Pedra da Sorte sobre meu Destino,

Pulsava junto ao meu, seu coração.


Para mim, o seu cantar era Divino,

Quando ao som da viola e do bordão,

Cantava com voz rouca, o Desatino,

O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.


Mas mataram meu pai. Desde esse dia

Eu me vi, como cego sem meu guia

Que se foi para o Sol, transfigurado.


Sua efígie me queima. Eu sou a presa.

Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa

Espada de Ouro em pasto ensanguentado.

 

Ariano Suassuna do “Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta” (trecho)

“Meu Deus sertanejo! Minha onça malhada, meu divino jaguar de sangue, fogo e pedras preciosas! Eu não creio em nada! Vinde inflamar meu sangue com aquele dom de fogo chamado fé, mesmo que vossa fé venha a me queimar, como a ventania deste meu reino sagrado e sangrado, o sertão incendiário e abrasador”

 

Fernando Pessoa Última Nau Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,

E erguendo, como um nome, alto o pendão

do Império,

Foi-se a última nau, ao sol azíago

Erma, e entre choros de ânsia e de presago

Mistério.


Não voltou mais. A que ilha indescoberta

Aportou? Voltará da sorte incerta

Que teve?

Deus guarda o corpo e a forma do futuro,

Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro

E breve.


Ah, quanto mais ao povo a alma falta,

Mais a minha alma atlântica se exalta

E entorna,

E em mim, num mar que não tem tempo ou 'spaço,

Vejo entre a cerração teu vulto baço

Que torna.


Não sei a hora, mas sei que há a hora,

Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora

Mistério.

Surges ao sol em mim, e a névoa finda:

A mesma, e trazes o pendão ainda

Do Império.

 

Homero

Odisséia, Canto XXII, versos 35 a 41 Ulisses se revela aos pretendentes tradução de Carlos Alberto Nunes Cães, não pensáveis, decerto, que um dia voltar eu pudesse

lá da planície de Tróia, e por isso meus bens arruináveis,

às minhas servas fazíeis violências sem conta, aqui dentro,

e pretendíeis-me a esposa, apesar de que eu vivo estivesse,

sem terdes medo dos deuses eternos que moram no Olimpo

nem da vingança dos homens, que um dia pudesse alcançar-vos.

Sobre vós todos, agora, já impendem as malhas da Morte.


 

Louis Cattiaux du Message Retrouvè verset XXXVI, 108” Ô mon Seigneur et mon Dieu, par ton amour pour nous qui est infaillible, permets que jamais notre amour pour toi ne défaille. Ô mon Roi, fais que nos faces ne se détournent plus de ta face jusqu’à ce que tu entres en nous et jusqu’à ce que nous pénétrions en toi pour toujours.

AMEN *** d’ A Mensagem Reencontrada versículo XXXVI, 108” tradução de Alfredo Oliveira Ó meu Senhor e meu Deus, pelo teu amor por nós que é infalível, permite que o nosso amor por ti jamais desfaleça. Ó meu Rei, faz que as nossas faces não se afastem mais da tua face, até que entres em nós e até que penetremos em ti para sempre. AMÉM

 

Das histórias dos sufis Os Três Mestres e os Arrieiros (conto inspirado pela vida do mestre Abdul Qadir de Gilan, 1077 - 1166) O renome do grande sheik Abdul Qadir era tamanho que místicos de todas as crenças acorriam a seu salão, onde prevalecia o máximo decoro e respeito pelos hábitos tradicionais. Esses homens piedosos se diversificavam segundo a ordem de precedência estabelecida pela idade, pela reputação de seus mestres e por sua própria importância nas comunidades de onde vinham.


Porém havia rivalidade entre eles quando se tratava de obter a atenção do Sultão dos Mestres, Abdul Qadir. Seus modos eram impecáveis e nessas reuniões não se viam pessoas de pouca inteligência ou deseducadas.


Um dia, porém, três sheiks de Khorasan, do Iraque e do Egito chegaram a Dargah, onde morava Abdul Qadir, guiados por três arrieiros analfabetos. Na viagem, desde Meca, onde tinham estado em peregrinação, tinham sido importunados por causa da falta de tato e da ignorância daqueles guias. Assim, ao chegarem ao famoso salão de recepções, sentiram-se contentes por se verem livres daqueles homens e pelo desejo de falar com o grande sheik.


Contrariando o protocolo, Abdul Qadir saiu para recebê-los. Não deu mostras de se interessar pela presença dos arrieiros. No entanto, naquela mesma noite, ao se dirigirem a seus aposentos, os três recém-chegados viram por acaso o grande sheik dando boa noite aos arrieiros. E quando estes, respeitosamente, deixaram os aposentos de Abdul Qadir, este beijou-lhes as mãos. Os três sheiks ficaram atônitos e perceberam que aqueles três homens, e não eles, eram dervixes ocultos. Seguiram os arrieiros e tentaram puxar conversa com eles. Mas o chefe dos arrieiros lhes disse apenas:


– Retomem suas preces e resmungos, sheiks, com seu sufismo e sua busca da verdade, com que nos importunaram durante trinta e seis dias de viagem. Somos simples arrieiros e não queremos saber nada disso.

 

Fabio Malavoglia A um certo dia Vida beleza arte,

reino retorno lei,

Vênus unida a Marte,

quando vier meu Rei.


Serpe aos pés pisada,

flor na floresta hei,

pedra à Morgana fada,

quando vier meu Rei.


A mim amado aedo,

verso que reverie,

verde no arvoredo,

quando vier meu Rei. Coda Tarde tornada cedo,

Nove o novo seis,

Selo do meu segredo,

quando dos Santos Reis.


 


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