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Foto do escritorFábio Malavoglia

Ep. 56 - Versos ao Vinho

Atualizado: 2 de abr. de 2023

VERSOS AO VINHO

Textos do Episódio


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Alceo di Mitilene Io già sento primavera (do livro “Lirici Greci e altre traduzioni” de Salvatore Quasimodo) Io già sento primavera che s’avvicina coi suoi fiori: versatemi presto uma tazza di vino dolcissimo. *** Alceo de Mitilene Eu já sinto primavera (do livro “Liricos Gregos e outras traduções” de Salvatore Quasimodo) tradução ao português de Fabio Malavoglia Eu já sinto a primavera

que se aproxima com suas flores:


vertei-me já uma taça de vinho dulcíssimo. ....................................................................

Alceo di Mitilene Decima Musa (do livro “Lirici Greci e altre traduzioni” de Salvatore Quasimodo) O coronata di viole, divina dolce ridente Saffo. *** Alceo de Mitilene Décima Musa (do livro “Liricos Gregos e outras traduções” de Salvatore Quasimodo) tradução ao português de Fabio Malavoglia Ó coroada de violetas, divina doce ridente Safo. .................................................................... Alceo di Mitilene Perché aspettare le lucerne? (do livro “Lirici Greci e altre traduzioni” de Salvatore Quasimodo) Beviamo. Perché aspettare le lucerne? Breve il tempo. O amato fanciullo, prendi le grandi tazze variopinte, perché il figlio di Zeus e di Sémele diede agli uomini il vino per dimenticare i dolori. Versa due parti di acqua e una di vino; e colma le tazze fino all’orlo: e l’una segua súbito l’altra. *** Alceo de Mitilene Por que esperar as lanternas? (do livro “Liricos Gregos e outras traduções” de Salvatore Quasimodo) tradução ao português de Fabio Malavoglia Bebamos. Por que esperar as lanternas? Breve o tempo.

Ó amado jovem, toma as grandes taças pintadas,

pois o filho de Zeus e de Sémele

deu aos homens o vinho

para esquecer as dores.

Verte duas partes de água e uma de vinho;

e enche as taças até a boca:

e que uma siga de imediato a outra. ....................................................................


Anacreonte di Teos L’Amata Cetra (do livro “Lirici Greci e altre traduzioni” de Salvatore Quasimodo) Cenai com um piccolo pezzo di focaccia, ma bevvi avidamente um’anfora di vino; ora l’amata cetra tocco com dolcezza e canto amore ala mia tenera fanciulla. *** Anacreonte de Teos A Amada Cítara (do livro “Liricos Gregos e outras traduções” de Salvatore Quasimodo) tradução ao português de Fabio Malavoglia Ceei um pequeno pedaço de pão com azeite,

mas bebi avidamente uma ânfora de vinho;

agora a amada cítara toco com doçura

e canto amor à minha tenra menina. ..................................................................... Dall’ “Antologia Palatina” Anonimi, V: 90 (do livro “Lirici Greci e altre traduzioni” de Salvatore Quasimodo) Ti mando un soave profumo. Il profumo voglio onorare con altro profumo: come offrire del vino al dio del vino. *** Da “Antologia Palatina” Anônimos, V: 90 (do livro “Liricos Gregos e outras traduções” de Salvatore Quasimodo) tradução ao português de Fabio Malavoglia Mando a ti um suave perfume. O perfume,

quero honrar com outro perfume:

como oferecer vinho ao deus do vinho.

.................................................................... Omar Khayaam Rubai 01 (da versão inglesa do original persa de Omar Ali-Shah e Robert Graves) While Dawn, Day’s herald straddling the whole sky, Offers the drowsy world a toast ‘To Wine’, The Sun spills early gold on city roofs – Day’s regal Host, replenishing his jug. *** Omar Khayaam Rubai 01 (da versão inglesa do original persa de Omar Ali-Shah e Robert Graves) tradução de Fabio Malavoglia Quando a Aurora, arauto do Dia, a cavalo do céu,

Um brinde “Ao Vinho” faz ao mundo, sonolenta babel,

Verte o Sol o Ouro da manhã nos tetos da cidade –

Nobre Anfitrião do Dia, a encher de novo seu tonel. .................................................................... Omar Khayaam Rubai 11 (da versão inglesa do original persa de Omar Ali-Shah e Robert Graves) Should our day’s portion be one mancel loaf, A haunch of mutton and a gourd of wine Set for us two alone on the wide plain, No Sultan’s bounty could evoke such joy.


*** Omar Khayaam Rubai ‘1 (da versão inglesa do original persa de Omar Ali-Shah e Robert Graves) tradução de Fabio Malavoglia

Possa nossa parte do dia ser uma côdea de pão,

A anca de um carneiro, a ânfora de vinho e então,

Deixadas a nós dois, a sós no descampado:

Não traria mais alegria nem o botim de um Sultão.. .................................................................... Charles Baudelaire Enivrez-vous (Petits poémes en prose, 1869) Il faut être toujours ivre. Tout est là: c'est l'unique question. Pour ne pas sentir l'horrible fardeau du Temps qui brise vos épaules et vous penche vers la terre, il faut vous enivrer sans trêve. Mais de quoi? De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise. Mais enivrez-vous.


Et si quelquefois, sur les marches d'un palais, sur l'herbe verte d'un fossé, dans la solitude morne de votre chambre, vous vous réveillez, l'ivresse déjà diminuée ou disparue, demandez au vent, à la vague, à l'étoile, à l'oiseau, à l'horloge, à tout ce qui fuit, à tout ce qui gémit, à tout ce qui roule, à tout ce qui chante, à tout ce qui parle, demandez quelle heure il est et le vent, la vague, l'étoile, l'oiseau, l'horloge, vous répondront: "Il est l'heure de s'enivrer! ”

Pour n'être pas les esclaves martyrisés du Temps, enivrez-vous; enivrez-vous sans cesse! De vin, de poésie ou de vertu, à votre guise. *** Charles Baudelaire Embriagai-vos (Pequenos poemas em prosa, 1869 tradução de Fabio Malavoglia

É preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que vos quebra as costas e vos curva para o chão, é preciso embriagar-se sem pausa. Mas de que? De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha. Mas embriagai-vos.

E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do vosso quarto, vós acordais, a embriaguez já menor ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio vos responderão: “É hora de embriagar-se!”

Para não ser os escravos mártires do Tempo, embriagai -vos; embriagai-vos sem pausa! De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha”

.................................................................... William Butler Yeats

A Drinking Song

Wine comes in at the mouth

And love comes in at the eye;

That’s all we shall know for truth

Before we grow old and die.

I lift the glass to my mouth,

I look at you, and I sigh. ***

William Butler Yeats

Canção Bebendo tradução de Fabio Malavoglia

Vem-me à boca o vinho

Vem-me ao olhar o Amor;

É o que teremos do veraz, a nós mesquinho,

Antes de envelhecer e nosso Sol se pôr.

O copo aos lábios avizinho,

Olhando-te, e suspiro esse licor. .................................................................... Camilo Pessanha de “Clépsidra” parte 2 - Caminho: III

Fez-nos bem, muito bem, esta demora:

Enrijou a coragem fatigada...

Eis os nossos bordões da caminhada,

Vai já rompendo o sol: vamos embora.

Este vinho, mais virgem do que a aurora,

Tão virgem não o temos na jornada...

Enchamos as cabaças: pela estrada,

Daqui inda este néctar avigora!...

Cada um por seu lado!... Eu vou sozinho,


eu quero arrostar só todo o caminho,

Eu posso resistir à grande calma!...

Deixai-me chorar mais e beber mais,

Perseguir doidamente os meus ideais,

E ter fé e sonhar – encher a alma. .................................................................... Jorge de Lima

A dança do guerreiro Tomo o cocar e bato o meu trocano. Vibro com força a minha tangapema. Trema de susto o peito lusitano, e o seio d'Ela de desejo trema!

Meus ataques mortais, o amor insano, canto-os os dois na minha toada extrema: Que o valor do guerreiro seja o plano mais alto, mais agudo em que ele gema!

E danço e giro como um remoinho; com mel saúdo a paz doce e clemente, e vinho eu tomo, em honra à minha tribo!

Não caio, que mais forte que o teu vinho, e mais doce que o mel, guerreira gente, é o vinho, é o mel que aos lábios d'Ela eu libo! ........................................................... Omar Ibn Al-Farid, fragmentos do “Elogio do Vinho” (Al-Jamriyya) tradução da versão espanhola de J. Peradejordi por Fabio Malavoglia


Bebemos à memória do Bem-Amado um vinho que nos tem embriagado antes da criação da vinha... *** Sem seu perfume não teria achado o caminho de suas tavernas... // *** Se seu nome é citado na tribo Este povo se embriaga sem desonra E sem pecado... // *** Se um dia dele se lembra Um homem, a alegria dele se apodera, a tristeza desvanece... // *** Somente a visão do selo posto sobre as jarras basta para embriagar os convidados... // *** Se regassem com um vinho como esse a terra de um sepulcro o morto reencontraria sua alma e seu corpo seria revivificado.che s’incidono come filigrane.

*** Pois bordado nas bandeiras dos exércitos, o seu nome embriaga todos que estão sob o estandarte... *** ... Não viveu, aqui embaixo, aquele que viveu sem embriaguez e este carece de entendimento se não morreu de sua embriaguez. Que chore sobre si mesmo aquele que perdeu sua vida

sem tomar dele sua parte.

 



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